O governador Mauro Mendes (Unio) fez duras crticas ao aumento do valor pago pelo Governo Federal em emendas parlamentares. Para ele, as verbas so pulverizadas nos redutos eleitorais dos polticos e no contribuem com “obras estruturantes” no Pas.
Para se ter uma ideia, em 2016 as emendas dos congressistas totalizavam R$ 9 bilhes, e este ano estima-se que sero R$ 50 bilhes.
Em entrevista ao Poder 360, Mendes apontou que o aumento de recurso tem “baixa efetividade”.
“Grande parte disso distribudo de forma pulverizada [...] O cara coloca R$ 300 mil numa cidade, R$ 200 mil em outra... Porque o deputado, com todo respeito, ele olha pros afazeres dele, mas olha muito para base eleitoral, est preocupado com a prxima eleio”, disse.
“Com essa preocupao, ele pega R$ 70 milhes, que o que tem um deputado federal, e sai pulverizando esse dinheiro. E esse dinheiro est alimentando a ineficincia de muitas prefeituras. Que vira p”, completou.
Para o governador, o recurso injetado nos municpios tem auxiliado os prefeitos municipais pagar o custeio da mquina.
“Ao invs de o prefeito melhorar a eficincia dos funcionrios, [contratar] mdicos e comprar remdio melhor. No! Ele diz: ‘Pingou aqui um dinheirinho extra’. E tapa o buraco da ineficincia”, disse. E acrescentou: “O cara tem que se virar. assim que funciona”.
O governador no cita nomes, mas o fato narrado por ele tem ocorrido tambm na gesto do prefeito de Cuiab Emanuel Pinheiro (MDB), que tem recebido emendas parlamentares para o custeio da Sade – Pasta mais delicada da sua gesto – e at para programas de tapa-buracos.
Segundo Mendes, h poucas obras estruturantes sendo feitas com o recurso no Pas. “Me d uma obra estruturante feita por esses R$ 30, R$ 40 ou R$ 50 bilhes que esto sendo distribudos no Brasil. Ser que vamos encontrar alguma obra estruturante pesada? Talvez encontre poucos exemplos, perto de muito dinheiro que est sendo distribudo”, disse.
“S quebrando”
O volume de emendas parlamentares tem crescido desde o Governo Jair Bolsonaro (PL), e no h perspectiva de reverso dessa tendncia. Questionado se Mendes acredita em alguma mudana, ele dispara: “Ser que s quebrando [o caixa do Pas]?”.
“Ou ser que isso que estou falando to absurdo ou to bvio? Para mim bvio. Houve um erro, com todo respeito. Conceitualmente parece bom: 'Ns vamos distribuir o dinheiro para quem conhece a base e o Brasil', dizia o ministro da Economia Paulo Guedes”.
“No basta boas ideias e inteno, tem que ter conexo com a realidade e saber como aquilo vai funcionar. Na prtica, est pulverizando muito o recurso, isso esta virando custeio, est virando p”, disse.