Entusiasta do Vale do Araguaia, o advogado, pecuarista e presidente do Sindicato Rural de Confresa (MT), Bira Capuzzo, voltou a destacar a importncia do regionalismo e representatividade poltica nas eleies deste ano.
H exatamente quatro anos, Capuzzo declarou que “O Araguaia precisa tomar vergonha na cara e no votar em candidatos de fora”. O discurso ocorreu no palanque do ento governador Mauro Mendes, em 2018, se referindo aos eleitores da regio que votaram sempre em candidatos que no representam o Araguaia, o deixando a “ver navios” em suas necessidades polticas.
“A exemplo da ltima eleio, dos 250 mil votantes do Araguaia, desde Alto Taquari at Vila Rica, 13.478 foram destinados ao nico candidato eleito, Dr. Eugnio, muito pouco para uma regio que hoje se considera a ltima fronteira agrcola do Mato Grosso”, pontuou Bira Capuzzo.
Na ocasio, concorriam como candidato a deputado federal Gaspar Lazari e para deputado estadual Dairinho, de Vila Rica, representando o Norte Araguaia. Segundo Capuzzo, os dois tinham chances reais para se elegerem, mas, o Araguaia, mais uma vez, preferiu votar em candidatos de fora, o que deixou Gaspar na segunda suplncia da sua coligao com 40.470 votos e Dairinho 7.101 votos. “Ou seja, em um universo de 250 mil votos conseguimos eleger s um representante”, explicou o pecuarista.
Para Bira, a escolha de um representante poltico precisa ser criteriosa como seguir uma receita mdica. “No dia 2 de outubro vamos tomar um remdio com prazo de validade. A prescrio clara: a dose vale por 4 anos. Erro agora significa que s em 2026 poderemos aplicar um antdoto. Por isso, cautela importante. Mais do que isso, precisamos estar por dentro das indicaes e contraindicaes”.
“Ler a bula na hora de votar a regra de nmero um. Em poucos dias vamos escolher os novos deputados estaduais. Sero 24 eleitos na Cmara Estadual e 8 na Cmara Federal, vo cumprir mandato de 2023 a 2026 para atuarem na representao do povo mato-grossense no parlamento, vo elaborar leis, julgar as contas do governo, fiscalizar o Paiagus, alm de discutir os problemas da populao e apresentar solues, como a realizao de consulta pblica e investigao de rgos e empresas prestadoras de servios pblicos”, lembrou Capuzzo.
O presidente do Sindicato Rural de Confresa ainda reforou que, na hora de decidir pelo candidato, necessrio conhecer as propostas de cada um para o parlamento, bem como as de candidatos aos demais cargos.
“Como todo remdio, no adianta tomar dois medicamentos com funo diferente e esperar que resolvam o mesmo problema. Para que o voto tenha efeito, preciso ter coerncia ao escolher os candidatos aos demais cargos que esto sendo votados. No adianta eu votar em governador para o candidato do partido X, para o deputado estadual do partido Y. Ns temos a liberdade de votar em qualquer candidato, mas se eu quero que o plano de governo do meu candidato seja posto em prtica, preciso que ele tenha maioria no parlamento, para que seus projetos sejam aprovados”, afirmou.
“Lembrando que um deputado estadual recebe por ms o equivalente a R$ 94 mil s de salrio, verba indenizatria e ajuda de custo, alm de ter direito a carros, combustvel e agens reas e de nibus, por isso devemos escolher bem os nossos representantes, porque eles custam caro”, disse Bira Capuzzo.
“O problema que, hoje, os eleitores tm menos liberdade do que parecem ter na hora de decidir quais nmeros vo digitar na urna eletrnica. O voto de cabresto continua existindo, s ficou mais discreto. Ningum vai at cabine eleitoral para garantir que voc votou, digamos, no Z Barbudo (qualquer semelhana mera coincidncia), o que no significa que voc no tenha sido influenciado de muitas outras formas. A democracia eleitoral se baseia na presuno de que cada um tem um entendimento esclarecido de suas prprias preferncias. Mas essa presuno, que at faz sentido na teoria, pouco defensvel, na prtica”, explicou.
“A classe poltica profissional , da perspectiva social, uma elite que tem recursos, e por isso ela majoritariamente formada por brancos, homens, empresrios. Todos os grupos privilegiados so super-representados pelo Congresso e Assembleia. A festa da democracia funciona assim: todo mundo est convidado, mas o espao vip com bebida que pisca fica reservado para os poucos reis do camarote que podem pagar por ele”, declarou Capuzzo.