Desde que iniciou sua carreira no mundo do audiovisual, Takum Kuikuro, da etnia Kuikuro, usa a arte para documentar a histria e a vida cotidiana de seu povo. Agora, com um novo projeto, o cineasta mato-grossense procura abordar o protagonismo dos indgenas do Xingu ao falar sobre a vida cotidiana nas aldeias.
Intitulada "Gente do Xingu", a obra ser uma srie documental composta por nove episdios que vo retratar a rotina de diversas profisses na regio do Xingu.
A data de estreia do novo projeto ainda incerta, mas a perspectiva que o trabalho v ao ar ainda este ano.
“Eu quero mostrar isso para o mundo e para a sociedade no indgena, para que eles possam conhecer um pouco de nossa realidade atravs do cinema”, diz.
Com uma equipe formada majoritariamente por cineastas indgenas, a obra uma coproduo da produtora Xingu Filmes, do Coletivo Kuikuro de Cinema, Lamir, Palmira Filmes e Olho-Pio Filmes.
Apesar da produo j estar em andamento, Takum relata que o canal de distribuio da srie documental ainda no foi definido.
“Ns ainda estamos em busca de uma tela para poder exibir isso em alguns lugares. E uma ideia mesmo a gente fazer isso na TV Brasil ou em outros lugares”.
O interesse pelo cinema
Ainda adolescente, ele compreendeu a importncia do registro como forma de resistncia na aldeia e atravs de muito estudo ou a produzir obras que retratasse a sua cultura.
Com o ar dos anos, o cineasta foi ganhando visibilidade por meio de circuitos de premiao nacionais e internacionais e, por meio do seu aperfeioamento, ou a idealizar projetos em busca de visibilidade e resistncia indgena.
“Cinema uma ferramenta de luta, uma ferramenta de resistncia, onde ns podemos nos tornar protagonistas da nossa prpria histria, porque ns sabemos a lngua, sabemos aquelas histrias, sabemos qual a funo de cada uma das pessoas”.
Diretor de outras obras premiadas, como o curta “Territrio Pequi”, vencedor em 2023 do Grande Prmio do Cinema Brasileiro na categoria curta-documentrio, Takuma retorna em um novo projeto para abordar as profisses e sua importncia dentro da comunidade.
A produo
As gravaes comearam no dia 18 de dezembro de 2024 e tm previso para se encerrar nas prximas semanas. Nas redes sociais, a equipe compartilha o dia a dia das gravaes e mostra os bastidores das entrevistas realizadas com os profissionais que atuam na aldeia.
Entre profissionais ouvidos pela equipe de documentaristas, esto professores, advogados, enfermeiros, cineastas, agricultores, brigadistas e cantores responsveis pelos cantos tradicionais.
“Eu quero contar essa histria porque ns j temos vrios tipos de evoluo. Cada tipo de trabalho na aldeia. Como professores que esto atuando nas escolas indgenas, ensinando as prprias lnguas indgenas, a lngua portuguesa, matemtica e outras coisas. isso que eu quero contar”.
Para o diretor, a obra busca quebrar paradigmas e minimizar os preconceitos ao mostrar o dia a dia e a importncia de cada ocupao dentro das aldeias para a garantia da educao, cuidado e sustentabilidade.
“Ento, assim, ns podemos contar a histria para a sociedade no indgena e tambm para o povo daqui. E a gente quer tambm essa visibilidade fora das nossas comunidades, porque uma coisa muito importante para a gente: ter esse respeito. Ns queremos respeito pelo que estamos fazendo, pelo que estamos vivendo, pelo que estamos lutando”.
“Eu falo sempre: eu no sou comunicador indgena, eu no sou cineasta indgena, eu no sou fotgrafo indgena. Eu posso dizer que sou cineasta, sou diretor, e que posso produzir qualquer coisa”, relata.