Indgenas de Mato Grosso participaram de uma audincia pblica realizada pelo Ministrio Pblico Federal - MPF, na ltima quarta-feira (16), em Barra do Garas com o objetivo de ouvir os povos originrios sobre os impactos da construo de quatro Pequenas Centrais Hidreltricas (PCHs) no curso do Rio das Mortes.
O rio que nasce no municpio de Campo Verde e desgua no rio Araguaia, prximo a cidade de So Flix do Araguaia, a dentro dos territrios indgenas Sangradouro, Volta Grande, Merure, So Marcos, Arees e Pimentel Barbosa.
Para o cacique Edmundo Dzu’aiwi more, da aldeia So Francisco na Terra Indgena (TI) So Marcos e presidente Conselho Distrital de Sade Indgena - Condisi Xavante, os impactos ambientais e sociais das PCHs influenciam negativamente na fauna, flora e na sade mental dos membros das comunidades indgenas.
“Essa ganncia de PCH, a construo dessas hidreltricas no Rio das Mortes, j esto querendo rasgar nossa Constituio, a carta magna, nos seus artigos 233 e 232. O povo Xavante aguarda diante dessa poltica deteriorada do sistema capital, somos operadores do direito”, disse o cacique.
O cacique geral da TI Arees, Silvrio Xavante, destacou sua preocupao com as construes. “O impacto que a usina hidroeltrica vai trazer a nossa terra no saber onde vamos beber, onde que os animais vo beber, o nico rio que banha todo mundo, no queremos que a empresa faa a instalao no rio. Ns lideranas que vivemos na parte baixa do rio das Mortes, nunca fomos procurados pelas empresas, elas nunca foram l, nunca fizeram consultas”, explicou.
Ao todo, cerca de 40 indgenas estavam presentes na audincia com o procurador da Repblica Guilherme Fernandes Ferreira Tavares. Segundo ele, aps o primeiro debate sobre o tema, realizado no ano ado, foram enviadas aos rgos envolvidos no assunto recomendaes apontando providncias que poderiam ser adotadas para viabilizar a participao de todas as comunidades indgenas afetadas pelos empreendimentos hidreltricos.
O procurador da Repblica falou sobre a importncia do MPF em ouvir as demandas dos povos originrios. “O Ministrio Pblico Federal tem uma posio importante em relao s comunidades tradicionais. Cabe ao MPF colher os argumentos, entender quais so as demandas das comunidades tradicionais e a partir disso atuar. [...] Vrios lderes trouxeram os impactos que essas PCHs vo ter em relao s suas terras indgenas e suas comunidades. O MPF coletou esses depoimentos e isso ser levado ao inqurito civil”, afirmou Guilherme Tavares.