H sete meses a moradora de Confresa, Telma Liborio de 44 anos viu sua vida virar um pesadelo aps ar por esterictomia total (cirurgia que consiste na retirada do tero e colo do tero) no Hospital Municipal.

A cirurgia foi indicada em funo da paciente apresentar um sangramento intenso causado por um mioma. Depois do procedimento, ela sentiu muita dor, apresentou dificuldade para respirar e em pouco tempo comeou a vomitar fezes.

Apesar do quadro difcil, o mdico ginecologista responsvel pelo procedimento no foi v-la e teria pedido a outro profissional que lhe desse alta, justificando que os sintomas eram causados por excesso de gases.

Somente quando uma outra mdica pediu uma tomografia para avaliar o quadro da paciente, constatou que o intestino de Telma foi perfurado durante a cirurgia. Uma corrida contra o tempo comeou, a paciente foi submetida a uma cirurgia de emergncia para salvar sua vida e precisou ser levada Cuiab. A paciente ficou 28 dias internada na capital, maior parte desse tempo em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

As sequelas do erro mdico ainda acompanham Telma, ela j precisou usar duas bolsas de colostomia, hoje ainda segue utilizando uma. O que bastante incmodo, j que devido a liberao involuntria de gases que causam barulho, sair em pblico, ear, ter momentos de lazer, so coisas que no fazem mais parte de seu cotidiano.

A paciente ainda apresentou um novo sangramento, e em um ultrassom foi constatado, que o colo do tero que era para ter sido removido na cirurgia, continuava l. Por outro lado, tambm foi observado que ginecologista fechou completamente seu perneo, o que impede Telma de ter inclusive, momentos ntimos com o marido.

Para reverter os danos, a vtima ter que ar por vrias cirurgias, comeando pela reverso da colostomia. "Fisicamente, emocionalmente eu no estou preparada pra isso, no tenho condies nenhuma de fazer essas cirurgias e ainda estou lutando para fazer a mais importante nesse momento, que a da colostomia", ressalta.

Alm das consequncias fsicas e emocionais, diversas idas a mdicos em funo de mal-estar, a famlia ou por impactos na vida financeira. Para custear o tratamento, foi necessrio vender alguns bens, como uma motocicleta, um carro e at mesmo mveis da casa.

Para Telma o mais dolorido de toda a situao, no poder cuidar da neta de 1 ano e quatro meses. Devida a sua condio, ela no pode nem mesmo pegar a criana no colo.

A paciente explica que em nenhum momento recebeu apoio da direo do Hospital ou da Secretaria de Sade de Confresa. "Me mandaram vir para minha casa, para morrer... se tivesse acontecido de ter falecido, eles poderiam alegar que eu teria pego uma infeco e teria sido muito simples", desabafa.

Telma j registrou um boletim de ocorrncia na Polcia Civil por negligncia e agora deseja que o mdico seja responsabilidade pelo seu erro. " muito difcil quando voc tem sua vida normal e de repente tudo acaba e a pessoa no iti seu erro e fingir que nada aconteceu. Eu no quero que as pessoas em pelo que eu estou ando, porque muito difcil", conclui.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Em relao aos fatos mencionados envolvendo a paciente citada, o Governo de Confresa, por meio da Secretaria Municipal de Sade, esclarece que prima pela qualidade e segurana de todos os procedimentos realizados.

Atualmente, o Hospital de Confresa uma referncia regional no atendimento de mdia e alta complexidade, contando com profissionais certificados e devidamente regularizados junto ao Conselho Regional de Medicina.

A unidade realiza um volume significativo de procedimentos cirrgicos, com uma elevada taxa de resolutividade

No que diz respeito ao caso especfico, assim que tomamos conhecimento dos fatos, iniciamos um procedimento para apurar, identificar e punir eventuais responsabilidades.

Reafirmamos nosso compromisso contnuo com a prestao de um servio de sade de qualidade, responsvel e seguro.