Uma cabo da Polcia Militar de Rondonpolis, identificada como Tnia dos Santos Nogueira Silva, 37 anos, acusou o comandante e o subcomandante do 5 Batalho, onde est lotada, de assdio moral, perseguio e ameaa contra ela e outras policiais femininas da unidade.
Conforme o boletim de ocorrncia registrado por ela na segunda-feira (17), o caso vem acontecendo desde o incio de 2020. O B.O. cita o tenente-coronel Gleber Cndido Moreno e o capito Heryk Henryk de Deus Pereira.
A cabo afirmou que a situao teve incio quando pediu ao capito De Deus para coloc-la na escala no turno vespertino, pois com a pandemia, todas as escolas e creches estavam fechadas, e no teria com quem deixar as duas filhas, na poca com 1 ano e 5 meses e a outra com 5 anos.
Segundo ela, o pedido foi ignorado e “comearam a prejudic-la, pois faziam escalas contrrias ao que a comunicante havia solicitado”.
Aps isso, conforme o B.O., eles ainda a teriam trocado de funo vrias vezes, propositalmente, situao que perdurou durante os ltimos 2 anos e 8 meses.
Em 2021, com a reabertura das unidades de educao, a cabo conseguiu matricular as filhas no perodo vespertino, porm a instabilidade das escalas se mantinha.
“O assdio moral continuava, uma hora me escalava cedo, outro dia tarde, s vezes noite. Fiz outra parte em agosto de 2021, explicando novamente a mesma situao e pedindo compreenso”.
Depois desse pedido, a policial diz que foi mandada para o servio de rua, segundo ela, porque achavam que ela no gostava de realizar o trabalho operacional.
Nesse meio tempo, ela relatou que fazia as necessidades no meio do mato durante os plantes, porque o local no tinha condies estruturais para atender os policiais.
J em 2022, durante o teste de aptido fsica para ser promovida a 3 sargento, Tnia contou que o tenente-coronel Cndido compareceu ao local da prova e “ficava em cima das policiais femininas, torcendo para errarmos os exerccios”.
Como nada mudava, a policial decidiu fazer novo pedido de estabilidade de escala ao capito De Deus, momento em que ele respondeu que no teria feito filho com ela, e que a cabo deveria resolver os prprios problemas.
Aps esse episdio, Tnia contou que ficou extremamente constrangida e abalada, ento quando saiu da sala. “Fui direto na caixa de areia e descarreguei o revlver”. Nesse dia, ela recebeu voz de priso do capito, e logo em seguida ou mal e foi internada em um hospital, com sndrome de burnout.
Alguns dias depois do acontecido, ela recebeu informao de que havia sido denunciada por ter sido vista “trabalhando para polticos no Centro da cidade”, e que seu nome tinha sido retirado da lista de promoo por conta dos tiros que deu na caixa de areia.
Foi ento que ela decidiu procurar a Associao em Defesa e Garantia dos Direitos das Mulheres para denunciar tudo o que vinha ocorrendo no Batalho, e comunicou ao comandante do 4 Comando Regional, coronel Fernando Agostinho sobre os episdios de assdio.
Desde ento, outras policiais tambm decidiram denunciar seus respectivos casos ao coronel Fernando Agostinho. Segundo Tnia, antes de tudo ser exposto, duas policiais teriam tentado cometer suicdio pelos abusos psicolgicos que enfrentam na unidade.
Atualmente, a policial disse no boletim de ocorrncia, que percebeu, por duas vezes, estar sendo seguida e pediu proteo a ela e seus familiares, pois temia que fizessem algo a ela ou sua famlia.