A China a maior compradora da soja brasileira, mas parece no estar satisfeita com o gro que recebe. Especialistas consideram a commodity agrcola nacional como a melhor do mundo, com atributos superiores produzida em seu principal concorrente, os Estados Unidos.
Mesmo assim, documento formulado pela istrao Estatal de Regulamentao do Mercado e a istrao de Padronizao da Repblica Popular da China e protocolado na Organizao Mundial do Comrcio (OMC), estabelece que a soja importada pelo pas asitico tenha maiores teores de leo e de protena e menor de umidade.
Se a proposta comercial for firmada entre o pas asitico e seus fornecedores – o que ainda no tem prazo para acontecer – processos de toda a cadeia da soja sero fortemente impactados e o produtor ter de se desdobrar para atend-los.
Antes de tudo, vale ressaltar que os requisitos da China tendem a substituir o padro vigente (GB 1352/2009), que versa a respeito da integridade fsica dos gros. A nova proposta ainda est em discusso, capitaneada, no Brasil, pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa), com participao tcnica da Embrapa e Confederao Nacional da Agricultura e Pecuria (CNA).
Como mostra a Tabela 1 (abaixo), a proposta que os gros sejam enquadrados em cinco tipos, de acordo com o percentual de perfeio. Assim, comea-se no grupo 1, com 95% ou mais de exemplares ideais, at o grupo 5, com 75% ou mais de amostras impecveis. O documento tambm estabelece a categoria “fora de tipo”, onde encaixam-se espcimes inferiores quinta categoria.
Teor de leo e protena
Alm do aspecto fsico do gro, os requerimentos chineses abrangem, tambm, a qualidade. Desta forma, a exigncia que a soja seja enquadrada em trs grupos de teor de leo e de protena. Quanto ao primeiro atributo, variam entre 22% a 20%. A respeito da protena, diferem de 44% ou mais a 40% ou mais. Veja mais detalhes nas tabelas abaixo.
Tabela 2
O problema que, a depender de testes feitos no estudo “Anlise de aspectos econmicos sobre a qualidade de gros de soja no Brasil”, de 2018, da Embrapa, atingir tais ndices ser um grande desafio.
Nas safras brasileiras analisadas na pesquisa (2014/15 a 2016/17), o teor mdio de protena foi de 36,69%. A pesquisa foi feita em dez estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paran, So Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Gois, Minas Gerais, Bahia e Tocantins, que, juntos, so responsveis por cerca de 93% da produo nacional.
O estudo tambm fez levantamento sobre os gros avariados, notando que grande parcela da soja colhida nas temporadas estudadas excedeu a tolerncia de 8% de exemplares defeituosos permitida por lei. Algumas regies apresentaram amostras de at 30% com avarias, que representam a soma dos mofados, ardidos, queimados, fermentados, imaturos, chochos, germinados e danificados por percevejo.
Superioridade brasileira
Ainda que atingir os patamares requisitados pela China parea longnquo, o Brasil leva clara vantagem em relao ao seu principal concorrente, os Estados Unidos. Enquanto o teor mdio de protena da soja nacional nas trs safras analisadas beirou os 37%, o da soja norte-americana foi de 34,7%, entre 2006 e 2015, caindo para 34,1% na temporada 2017, segundo a United States Soybean Export Council.
Desta forma, o estudo chegou concluso que cada tonelada brasileira de soja exportada tem 2% a mais de protena se comparada ao gro norte-americano. Por aqui, nas 903 amostras analisadas, a porcentagem mdia da substncia variou de 32,03% a 41,35%. O estado que apresentou a maior mdia no teor foi a Bahia, com 38,16%, e o Paran foi o com a menor taxa mdia: 36,74%.