A sustentabilidade na produo da soja no pode ficar restrita ao campo, sendo necessrio envolver toda a cadeia. Um dos elos deste processo a logstica. Segundo o pesquisador da Esalq-LOG, Thiago Pra, diversas aes voltadas descarbonizao do transporte martimo tm sido levadas em conta, mas pouco tem se discutido a respeito da locomoo de cargas internas.
“Tem muitas oportunidades para o Brasil como um pas do agronegcio de fazer contribuies tambm relacionadas a essa temtica da descarbonizao para o segmento da soja, por exemplo, envolvendo tanto o transporte interno, buscando melhorias de eficincia energtica dos caminhes, mudanas no tipo de combustvel, substituio do uso de caminhes por hidrovias e ferrovias, quanto, tambm, mudar navios”, explica.
De acordo com ele, cerca de 70% a 80% dos custos logsticos de exportao da soja so internos, ou seja, de movimentao entre os portos nacionais. “Mas quando analisamos as emisses de gases de efeito estufa, particularmente o dixido de carbono, os nmeros se invertem: a maior parte acontece no transporte martimo e o restante no interno, dentro do pas”.
Navios capesize para a soja
O pesquisador lembra que o agronegcio brasileiro utiliza, majoritariamente, os navios do tipo panamax, com capacidades que variam de 60 mil a 70 mil toneladas por viagem. “Enquanto isso, existem segmentos que utilizam navios maiores, como o capesize, que conseguem operar com mais de 100 mil toneladas por viagem”, relata.
Segundo Pra, essa substituio de navios traria ganhos econmicos e ambientais para a cadeia da soja. “Para se ter ideia, em algumas anlises que fizemos, possvel auferir uma reduo das emisses na ordem de quase 30% tendo essa substituio dos navios e tambm uma reduo no custo total de exportao da soja para a China em torno de 14%“, relata.
A respeito da infraestrutura porturia brasileira, o especialista afirma que o terminal de Esprito Santo capaz de receber navios maiores, alm de existir do projeto do Terminal Porturio de Alcntara, em So Lus, Maranho. “Lembrando que a recepo de navios de maior porte depende da profundidade de guas no terminal ou porto. No todo porto que consegue receber, porque demanda-se uma profundidade acima de 15 metros. muito interessante para o Brasil fomentar esse tipo de transporte”, finaliza.