O Instituto Brasileiro de Feijo e Pulses (Ibrafe) prev que vai faltar feijo-carioca no mercado brasileiro at o fim do ano. De acordo com presidente da entidade, Marcelo Lders, fatores como diminuio de rea, perdas nas safras do gro e elevao de demanda justificam essa previso.

Lders lembra que o Brasil tem produzido menos feijo na primeira e segunda safra do gro, em funo da perda de rea para milho e soja. “E, na terceira safra, a prpria Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] j ite reduo de rea plantada, em funo de [plantio] de sementes e outras alternativas ao agricultor”, comenta.

O presidente do Ibrafe afirma ainda que houve perdas por conta do clima em importantes estados produtores. “A segunda safra do Paran vinha bem at ser atingida por geadas. Minas Gerais, alm de diminuir a rea, ainda teve estiagem. O mesmo aconteceu com Gois. E Mato Grosso, que poderia eventualmente aportar um volume maior de feijo-caupi, tambm est colhendo agora menos do que o normal”, enumera.

Aumento do consumo

Outro ingrediente responsvel pela diminuio da oferta do carioca, segundo ele, o consumo. Lders afirma que, medida que o preo desse gro sobe, aumenta o consumo do preto e do fradinho. “Mas, ainda assim, existe uma presso de consumo sobre os feijes em geral, em funo de as protenas animais estarem muito mais caras”.

A concluso de que o consumidor no ter maiores problemas para se abastecer com outros produtos. Segundo o Ibrafe, houve um aumento de 233% nas importaes de feijo da Argentina nos primeiros quatro meses do ano, em relao a 2021. Do pas vizinho, chegam ao Brasil principalmente feijo-preto, alm de algum volume de feijo-rajado e vermelho. E a expectativa continuar a importar feijo argentino.

“Mas o feijo-carioca, quando sobra [no Brasil], no temos para onde mandar. E quando falta, no tem de onde trazer. Assim, o feijo-carioca vai ter um preo mais alto para o consumidor brasileiro, embora haja essas opes”, considera Lders.

Oportunidade para o produtor de feijo

O presidente do Ibrafe acredita que o atual momento do mercado de carioca abre a possibilidade de boa remunerao para a primeira safra do ano que vem. “O cobertor vai ficar curto. No vai dar para atender a toda a demanda por feijo-carioca at dezembro. Assim, aquilo que entrar em janeiro, fevereiro e maro vai encontrar um mercado muito bom. No tem previso ainda de aumento de rea para essa primeira safra”, afirma.

Quanto reduo de alquota de importao de produtos proposta nesta semana pelo governo federal, que recai sobre o feijo, entre outros alimentos, Lders avalia que no haver impacto para o produtor brasileiro. Ele lembra que o feijo que vem da Argentina todos os anos, no mbito do Mercosul, no tem imposto de importao. “E no adiantaria reduzir a alquota de importao em para zero, pois no existe feijo no mundo para ser importado”.

Essa , alis, uma outra oportunidade que ele vislumbra para o agricultor brasileiro. “Estamos convocando os produtores no s a atender a demanda do mercado interno como tambm do mercado externo. O mundo est desabastecido de alimento”, diz Lders.